As reações negativas generalizadas que o carro feioso da Renault provocou na semana passada fizeram por atiçar minha memória. Que outras pinturas, tão horrendas quanto, eu já tinha visto na Fórmula 1?
Deste mote saiu o ranking capellesco que você vai poder conferir abaixo.
Top 5 - As pinturas mais bizarras da Fórmula 1
5º Lugar - Jordan-Peugeot 195 (1995)
Isso é o que acontece quando uma equipe possui diversos patrocinadores, mas nenhum grande. Há tantas cores, tantos logotipos, que nenhum deles se destaca. Tem vermelho para agradar a petrolífera Total, tem amarelo para a Polti, tem azul para a Peugeot, tem branco para a vodca Kremlyovskaya e tem o verde irlandês de Eddie Jordan. O resultado? Uma salada de frutas homérica.
É sabido que Benetton e Larrousse, nos anos 80, também eram multicoloridas. Mas cada um dos carros partia de uma cor como base. Podia-se afirmar sem medo que o carro da equipe italiana era verde, que o dos franceses era azul. Os tons restantes faziam a composição da identidade. Neste caso da Jordan é diferente. Alguém pode responder qual a cor deste carro?
Pelo mau gosto na distribuição de cores e patrocínios, somado à total falta de harmonia no desenho, é da Jordan 195 o quinto lugar no ranking.
4º Lugar - AGS JH22 (1987)
A AGS era uma pequena equipe francesa que disputava em 1987 sua primeira temporada completa na Fórmula 1. Seu carro, JH22, era nada mais que um obsoleto Renault RE40 de 1983 modificado. Para bancar as contas, a equipe conseguiu o patrocínio da grife francesa de roupas esportivas El Charro. E aí é que vem a desgraça...
Tudo bem, as cores eram do patrocinador... mas o carro precisava ter cara de saquinho de balas? Listrado? E com uma gigantesca rosa estampada na frente? E a pintura durou, acredite, a temporada toda. Pascal Fabre desfilou o ano com este bólido bizarro, que andava sempre em último, sobrando ainda para Roberto Moreno a tarefa de guiá-lo nas duas últimas provas do campeonato. Esse é só mais um dos muitos micos que o carequinha pagou na Fórmula 1.
Não há como negar: um carro listrado com cara pacote de balas, uma rosa na frente e que andava sempre em último, merece - e muito - o 4º lugar do ranking.
3º Lugar - AGS JH27 (1991)
Não satisfeita em colocar um carro em quarto lugar, a AGS aparece também com a medalha de bronze das bizarrices na Fórmula 1. Também, não poderia ser diferente. Repare na pintura: azul escuro separado de um azul celeste por curvas laranjas e amarelas.
Se o carro de 1987 já era muito feio, quatro anos depois eles conseguiram fazer algo ainda pior. Os franceses, normalmente conhecidos pelo bom gosto e pelo refinamento, deviam morrer de vergonha da AGS.
Felizmente, este foi o último modelo da equipe, que fechou as portas no GP da Espanha.
2º Lugar - Hesketh 308D (1976)
A Hesketh sempre foi uma equipe muito esquisita. Imagine um time descolado como a Red Bull, mas sem todo o planejamento, os aparatos e os cuidados de marketing, no qual tudo acontecia naturalmente. Uma equipe de Fórmula 1 regada a sexo, drogas e rock'n'roll e que teve um ursinho adotado como símbolo pelo dono, um excêntrico lorde inglês de sexualidade controversa. Seu principal piloto, James Hunt, regularmente tomava todas e fumava alguns baseados na noite anterior às corridas.
Quando Hunt deixou a equipe, ao final de 1975, os resultados deixaram de aparecer, mas nem por isso a Hesketh ficou de fora das atenções da Fórmula 1. Passou a alinhar um segundo carro, patrocinado pela revista erótica Penthouse. Tido como um time de playboys, o acordo tinha tudo a ver com o espírito da Hesketh, mas não deixava de ser uma tremenda ironia com relação à revista concorrente.
Porém, o carro era visualmente um terror. Um desenho de uma garota com roupas de baixo estampava a dianteira. Muito, muito ruim. Uma coisa terrível que durou duas temporadas, até 1977. Neste segundo ano, a pintura ganhou ainda duas meninas deitadas nas laterais.
O mais engraçado de tudo isso é que este carro foi guiado por Alex Dias Ribeiro, o piloto mais carola da história do automobilismo, em sua estréia na categoria.
Pela pintura do carro em si, pelo ineditismo do patrocínio e pela ironia de colocar o Ned Flanders de capacete dentro dele, é do Hesketh 308D o segundo posto do ranking de bizarrices.
1º Lugar - Brabham BT60B (1992)
A Brabham, em sua última temporada, tentou de tudo para aparecer. Já que não tinha carro para andar na frente, tentou chamar a atenção de diversas maneiras. Primeiro, contratou uma piloto, Giovanna Amati, que nunca andou forte em categoria nenhuma mas que, por ser mulher, garantiu um batalhão de fotógrafos em frente ao seu box.
Quando o efeito Amati passou, com a italiana fazendo lambanças nos treinos só comparáveis às de Yuji Ide, o novo lance da Brabham foi contratar Damon Hill, um filho de campeão que estreava na Fórmula 1. Rendeu também manchetes e publicidade, mas depois que o inglês não conseguiu classificação para diversas corridas, a novidade passou.
Fazendo valer a máxima "Quer aparecer? Pendure uma melancia no pescoço!", a equipe inglesa adotou o equivalente para o automobilismo: "Quer aparecer? Pinte o seu carro de cor-de-rosa!".
E foi isso que a Brabham fez. Pintou seu carro, historicamente belo desde a época de Martini Racing, passando pelos clássicos azul e branco dos tempos de Nelson Piquet, de cor-de-rosa. Pior que isso: uma combinação bizarra de rosa, azul escuro e azul claro. Algumas provas depois, a equipe encerrou definitivamente suas atividades.
Não só por ser horroroso, mas também por ter destruído a reputação da Brabham e ter dado a uma das maiores equipes da história da Fórmula 1 um fim indigno, o BT60B merece a medalha de ouro no ranking das coisas mais feias que já passaram pelas pistas da categoria.
Hors-Concours - Shadow DN9 (1979)
Claro, jamais esqueceria da Shadow de 1979. Só que este carro é tão feio, mas tão feio, tão estranho, tão bizarro, tão cafona, que não tem como ser comparado com nenhum outro. Nunca mais coisa parecida foi vista nas pistas. Deste modo, leva o prêmio de hors-concours entre as coisas tristes que já tivemos que ver. Não há nada pior.
Um pouquinho de história: o piloto holandês Jan Lammers levou para o time, em 1979, o patrocínio dos cigarros Samson. Como o símbolo da companhia era um leão, algum designer cheio de ácido fez a brilhante analogia entre o radiador frontal e a boca de um leão. Alguém completamente chapado aceitou a idéia e assim o carro ficou, sendo sua frente a enorme cara de um leão de fogo, com a boca aberta.
O carro não andou nada, Lammers não fez nada, mas aposto que muitas crianças que viram este Shadow ficaram algumas noites sem dormir.
E você? Lembra de mais algum carro bizarro que não está na lista? Comente.Etiquetas: Curiosidades, História, Reportagens |